Eleições em Castela e Leão e a España vaciada

A corrida eleitoral cuja linha de chegada provavelmente está em novembro do próximo ano começa mês que vem. O 13F em #CastillaYLeon tem destaque para a plataforma que luta contra o êxodo concorrendo em cinco províncias.

Que 22 é ano eleitoral no Brasil é sabido desde 18. Na Espanha, porém, o sufrágio não segue necessariamente o calendário previsto, uma vez que os chefes do executivo podem dissolver o parlamento e convocar eleições. E justamente por esse motivo eleitores de Castela e Leão irão às urnas antes dos andaluzes, cujo pleito salvo câmbios inesperados acontece no final do ano. Como em 23 haverá eleições nacionais, tais campanhas, resultados e formação de governos são vistos como possível indicador do que virá pela frente.

A primeira disputa acontece em Castela e Leão, no dia 13 de fevereiro. Certa maneira reflexo da falida moção de censura em Murcia, cuja fratura criada entre o Partido Popular e Ciudadanos estendeu-se península afora – razão pela qual os madrilenhos votaram ano passado e Isabel Diaz Ayuso ampliou seu poder na capital do país.

Alfonso Fernández Mañueco, presidente da Junta de Castela e Leão

O presidente da Junta de Castilla y León, Alfonso Fernández Mañueco, expulsou todos os membros de C´s que integravam o governo de coalizão e anunciou eleições antecipadas quatro dias antes do natal. Acusou os outrora sócios de deslealdade e traição por supostamente pactuar o orçamento desse ano com o Partido Socialista Obrero Español: “o risco de uma moção de censura era iminente” disse.

A formação laranja, por sua vez, fala que não havia qualquer movimento para sacá-lo da presidência, atribuindo aos Populares o intento de replicar o que sucedeu em Madri. De fato o vice de Mañueco, Francisco Igea, concedia entrevista em uma rádio quando soube da notícia. E não poupou palavras: “não é um homem de bem” e “não lhe importa nada a saúde da população” sentenciou.

Os presidentes nacionais de ambas legendas também se pronunciaram. Pablo Casado (PP) parabenizou a decisão; enquanto Inés Arrimadas (C´s) lamentou que seu colega no Congreso de los Diputados utilize Castela e Leão para ganhar força ante Diaz Ayuso, atual desavença.     

España Vaciada

España Vaciada demanda atenção às zonas atingidas pelo êxodo populacional

A comunidade de maior extensão territorial é também a que mais sente o despovoamento: um território que ocupa quase 1/5 da Espanha, no qual vive apenas 5% da população. Ali surgiram diversos movimentos que buscam dar voz a regiões cuja densidade populacional chega a ser comparada com a Sibéria.

A plataforma cidadã España Vaciada surge após a Revuelta de la España vaciada, manifestação que em abril de 19 reuniu mais de 90 organizações, 23 províncias e a presença de 50 mil pessoas em Madri. O ato foi convocado por Soria ¡Ya! e Teruel Existe – esta uma das surpresas das últimas generales, na qual entrou no hemiciclo com o deputado Tomás Guitarte Gimeno.       

Tomás Guitarte Gimeno, deputado por Teruel Existe

Em fevereiro cinco das nove províncias castelo-leonesas terão papeletas ligadas à formação. Salvo Soria, que já conta coa consolidada ¡Ya!; Burgos, Palencia, Valladolid e Salamanca terão o nome da província seguido de España Vaciada. São partidos que não se apresentam com ideologias de esquerda ou direita, explicou em entrevista à RTVE Vanesa García, porta-voz de S¡Ya! e membro da executiva da España Vaciada: “Nosso objetivo são as pessoas, não a confrontação política”. Acrescenta que apenas com um deputado e dois senadores TE conquistou muito mais que outros representantes. Como ocorre na política municipal, o maior objetivo é lograr pequenas conquistas a territórios esquecidos por Madri, nos quais tarefas incrivelmente simples como ir ao banco ou ter banda larga é um desafio.

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