Resultado das eleições autonômicas em Castela e Leão

Em um pleito marcado pela presença de líderes nacionais, populares ultrapassam socialistas, sem embargo não conseguem o “efeito Ayuso” e ficam longe da maioria absoluta. Êxito da España vaciada.

Na primeira vez que castelo-leoneses votaram apenas para o governo regional, a participação foi a mais baixa da história, 63%. Findo o domingo eleitoral e as apurações, a maior comunidade autônoma da Espanha vê tudo “mudar” e ao mesmo tempo “permanecer o mesmo”. Alfonso Mañueco venceu as eleições e seguirá à frente do executivo. Sim, seu Partido Popular logrou o que não conseguiu em 19, quando o Partido Socialista Obrero Español foi o mais votado, porém sem maioria para formar governo. A vitória do Pp sem embargo tem sabor agridoce. Por um lado vira o jogo em seu embate contra o Psoe, que perdeu sete procuradores (nome dado aos deputados autonômicos nas cortes de CyL) caindo de 35 para 28. Por outro tão somente elege 31 procuradores, dois a mais; distante dos 41 necessários à maioria absoluta.

Alfonso Fernández Mañueco no estande de Castela e Leão durante o Fitur.

A cúpula do Partido Popular pretendia, com a antecipação do pleito, reforçar o nome de Pablo Casado Blanco em relação à Presidenta da Comunidade de Madri, Isabel Díaz Ayuso. Sem embargo, nessa peleia interna o presidente nacional da sigla sai enfraquecido. Mañueco não conseguiu nem de perto repetir o êxito de Diaz Ayuso nas autonômicas do ano passado, quando por quatro cadeiras não logrou um governo em solitário. Mais do que isso, viu Ciudadanos desaparecer da Asamblea de Madrid e Vox estagnar – seus “competidores diretos”.

Já Mañueco, que antes formava executivo com C’s, terá agora que negociar coa formação ultra. Os de Abascal, encabeçados por Juan García-Gallardo, saltam de um para 13 assentos, sendo chave para o governo popular e pedindo a vice-presidência. Ou seja, se antes dependia de C’s, um partido em vias de desaparecer – sobrevive nas cortes unicamente com o outrora vice Francisco Igea – depende agora mais ainda de outro partido. O problema é que Vox sim representa uma ameaça ao Pp de Casado, representa a negação ao estatuto de autonomias e, o que me parece mais perigoso, representa o modelo político do pseudopresidente brasileiro.

Nesse cenário de incertezas, Mañueco descarta repetir eleições e não fecha porta à uma grande coalizão com o Psoe. O socialista Luis Tudanca descarta ratificar um executivo “marcado pela Nesse cenário de incertezas, Mañueco descarta repetir eleições e não fecha porta à uma grande coalizão com o Psoe. O socialista Luis Tudanca descarta ratificar um executivo “marcado pela corrupção”, ainda que isso pudesse ser crucial para evitar a entrada de Vox na Junta de Castilla y León. E Juan García-Gallardo apenas tem olhos à vice-presidência da Junta, ciente que ao atual presidente no queda outra.

Forças minoritárias

Podemos e Ciudadanos sobrevivem com um procurador cada. Igea será a voz do partido laranja, enquanto Pablo Fernández estará agora sozinho uma vez que UP perdeu uma cadeira. A representatividade dos partidos territoriais é a grande novidade nas cortes, saltando de dois para sete parlamentares.

Pablo Fernández é também o portavoz nacional de Podemos

Por Ávila mantém seu lugar; mesmo seguindo com um nome melhorou sua votação na província: de 9,6% para 16,7%. Em León a UPL aumentou de um para três procuradores, igualando 1999, seu melhor resultado em representatividade. Como grande novidade, a entrada de Soria ¡Ya! em sua primeira participação eleitoral.

Tal feito, afincando-se aos números apenas, não representa chave para formação de governo, já que Pp e Vox é a única maioria possível. Dando la vuelta a la tortilla, pode ser o começo de uma reestruturação de forças que aparentemente chega para ficar – tanto a nível autonômico quanto nacional. Prova disso é que, hipoteticamente transportando os resultados do 13F para as últimas generales, Soria e León estariam no Congreso de los Diputados ao lado de Teruel.   

A plataforma que representa a España vaciada obteve 42,5% dos votos, mais que Psoe e Pp somados, logrando três dos cinco assentos da província. O recado de Ángel Ceña é uma reivindicação de toda Espanha rural: “terão que nos ouvir”. Cinco províncias tiveram candidaturas ligadas ao movimento – as demais eram Burgos, Palencia, Valladolid e Salamanca – não obstante seus resultados foram bem mais modestos, rondando os 2%. Aqui cabe ressaltar que S¡Ya!, tal qual Teruel Existe, leva duas décadas lutando contra o despovoamento que assola a região.    

Um comentário em “Resultado das eleições autonômicas em Castela e Leão

Deixe um comentário