PP e Vox acordam a formação de um executivo de coalizão em Castela e Leão. Pela primeira vez uma comunidade terá o partido ultra no governo.
Foi aos 45 do segundo tempo. Mais complicado, quiçá, que a vitória do Real Madrid sobre o Paris Saint-Germain. E o desejo de Alfonso Fernández Mañueco de governar em solitário foi desclassificado tal qual a equipe parisiense. A matemática foi mais forte, e os 31 procuradores eleitos pelo Partido Popular deixaram Mañueco ainda mais refém de pactos que na anterior legislatura.
A oferta do Partido Socialista em abster-se a câmbio de igual postura de populares nos outros governos regionais, isolando o Vox de quaisquer autonomias, não obteve respaldo. Entra a ameaça de repetição eleitoral (uma re-repetição) e um “governo estável”, Mañueco pode ter hesitado, mas não evitado. Abriu as portas para o primeiro executivo que o Vox formará parte na Espanha. Seu vice será Juan García-Gallardo, número 1 da formação de Santiago Abascal em Castela e Leão; que também terá o presidente da câmara e três secretarias.
O acordo gerou críticas de diversas formações de distintos espectros: se por parte de Unidas Podemos era uma certeza, Ciudadanos e o Partido Nacionalista Basco também reprovaram. Francisco Igea, outrora vice de Mañueco e único representante de C’s na atual legislatura, respondeu o tuíte do agora desafeto com única palavra: vergüenza. Aitor Esteban, líder do PNV – o qual ninguém chamaria de comunista, ditadura progre ou algum adjetivo similar – exprimiu seu desgosto classificando o pacto Pp-Vox como “um gravíssimo erro e uma malíssima notícia para a democracia”.
Mudança no PP
Outro ponto levantado por Aitor é o suposto novo rumo do Partido Popular. A crise entre o presidente nacional, Pablo Casado Blanco, e a presidenta da Comunidade de Madri, Isabel Díaz Ayuso; resultou na saída daquele e ainda mais força a essa. Após o incêndio interno, tudo aponta que o presidente da Galícia, Alberto Núñez Feijóo – teoricamente mais centrista – assumirá a direção nacional.
Durante o encontro do Partido Popular Europeu, na quinta-feira 10 em Paris, em sua despedida Pablo Casado reforçou o rechaço a pactos com o partido ultra radical. Também mencionou que seu objetivo era lutar contra a corrupção – sem mencionar o caso da compra de máscaras.
O presidente da formação a nível europeu, Donald Tusk, tachou como uma “triste notícia”, e espera que o acordo seja pontual. Ao mesmo tempo, teceu críticas a líderes aliados do Vox no velho continente, como a francesa Marine Le Pen, o italiano Matteo Salvini ou o húngaro Viktor Orbán. Juanma Moreno, popular presidente da Junta de Andaluzia, foi outro que quis marcar distância, questionando a solidez de uma coalizão com um partido que renega a União Europeia e o estatuto de autonomias.
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